Os efeitos físicos e emocionais do Vitiligo

Vitiligo é uma doença crônica caracterizada por manchas brancas na pele que surgem em todo o corpo, podendo afetar inclusive a coloração dos cabelos. A condição é causada pela diminuição de células produtoras de melanina (melanócitos), provocando, assim, sua descoloração.

Além da perda de pigmento na pele, o vitiligo geralmente não causa outras complicações físicas. Mas devido as alterações físicas, a condição muitas vezes pode levar a problemas emocionais.

 

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Vitiligo não causa outras condições auto-imunes, mas está associado

O vitiligo está fortemente associado a outras doenças autoimunes – estima-se que 15% a 25% dos indivíduos com a doença também desenvolvam outra condição autoimune.

As mais comuns são:

  • Diabetes tipo 1
  • Psoríase
  • Doença tireoidiana autoimune
  • Artrite reumatoide
  • Anemia perniciosa
  • Lúpus eritematoso sistêmico
  • Doença de Addison
  • Alopecia

Os problemas relacionados a tireoide são 15 vezes mais comuns em pessoas diagnosticadas com vitiligo, de acordo com um levantamento realizado nos Estados Unidos.  A alopecia areata é ainda mais difundida, sendo 31 vezes mais comum entre os pacientes do que na população como em geral.

Além dessas doenças auto-imunes, existem algumas condições raras que podem surgir junto com o vitiligo, como:

  • Morfeia linear, que resulta em pele endurecida
  • Síndrome de Guillain-Barré, ocorre quando o sistema imunológico ataca o sistema nervoso
  • Miastenia gravis, causa fraqueza muscular e fadiga
  • Doença inflamatória intestinal, uma condição crônica que envolve cãibras, gases, constipação e diarreia
  • Síndrome de Sjögren, resulta em secura na boca e nos olhos

O Vitiligo não é necessariamente o agente causador dessas condições, no entanto, especialistas suspeitam que algumas das razões responsáveis pelo seu surgimento (gatilhos genéticos e ambientais), também possam contribuir para o risco de desenvolver outras doenças autoimunes.

 

“As condições auto-imunes não surgem por causa do vitiligo”, diz Hal Weitzbuch, médica dermatologista em Calabasas, Califórnia. “No entanto, o vitiligo está associado com outras condições auto-imunes, provavelmente, uma vez que são condições com fisiopatologia similar”.

 

Vitiligo pode causar câncer de pele?

A melanina protege a pele dos prejudiciais raios ultravioletas. Assim, pode parecer lógico que a ausência de melanina (como acontece quando as pessoas têm vitiligo) deve, portanto, tornar a pele mais suscetível a danos causados ​​pelo sol e câncer de pele.

Algumas evidências, no entanto, sugerem o contrário. Um estudo publicado em janeiro de 2013, no British Journal of Dermatology descobriu que, em um grupo de 1.037 indivíduos diagnosticados com vitiligo não segmentar (o tipo mais comum), tinham menos probabilidade de desenvolver câncer de pele. Os pesquisadores suspeitam que os próprios genes que colocam em risco o desenvolvimento de vitiligo também possuem uma função na proteção contra o melanoma.

 

Lidando com os efeitos emocionais do vitiligo

Mesmo que o vitiligo geralmente não cause dor, coceira ou outros efeitos colaterais físicos graves, ser diagnosticado com a doença pode ser emocionalmente desgastante.

Não é uma condição com a qual alguém nasce. Ter as manchas brancas aparecendo e se manifestando em várias partes do corpo ao longo do tempo, pode fazer com que algumas pessoas se sintam constrangidas, e isso pode causar desconforto inclusive sobre a identidade étnica. Baixa autoestima e depressão são potenciais efeitos colaterais do vitiligo.

Um estigma envolve o vitiligo porque as pessoas o veem como “anormal”, diz Skotnicki. Algumas pessoas podem evitar interagir com outras pessoas que têm vitiligo por medo de que a condição seja contagiosa, o que é um engano.

“Pode ser devastador, especialmente para pessoas negras”, diz Skotnicki. Isso é porque o vitiligo é mais difícil de se esconder na pele mais escura.

“Na pele caucasiana, é possível até não ver as manchas”, diz Skotnicki. Mas na pele mais escura, onde há mais contraste entre o tom de pele habitual e a pele afetada pelo vitiligo, as diferenças são mais pronunciadas e mais difíceis de esconder.

A experiência de viver com vitiligo pode ser particularmente difícil para as crianças porque outras crianças podem não perceber a condição médica e podem não se sensibilizar a ela, inadvertidamente dizendo coisas ofensivas.

Cerca de 50% dos pacientes recebem o diagnóstico do Vitiligo antes dos 21 anos, por isso muitos lidam com a doença durante a puberdade e a adolescência, o que pode ser muito estressante.

Uma revisão publicada em maio de 2018 na revista Pediatric Dermatology, concluiu que desenvolver o vitiligo durante a infância pode causar um sofrimento maior e piorar a qualidade de vida.

 

Dicas para ser feliz e saudável com o diagnóstico de Vitiligo

Dado todo o estresse e as emoções que acompanham o diagnóstico de vitiligo, ter o apoio da família, amigos e médicos é crucial. Alguns pacientes encontram o apoio que precisam na equipe médica, enquanto outros podem precisar de mais ajuda.

 

Suporte emocional

Grupos de apoio e profissionais da área de saúde mental podem ser extremamente úteis para pacientes com vitiligo, diz Adrienne Haughton, médica, diretora de dermatologia clínica e cosmética na Stony Brook Medicine em Commack, Nova York. É possível encontrar um grupo de apoio em diversas regiões do mundo através do Vitiligo Support International.

Michele Green, médica, dermatologista de Nova York, concorda: “Procurar aconselhamento pode ajudar o paciente a não se sentir sozinho“, diz ela. Conversar com um dermatologista com experiência em psicoterapia é ideal, mas um psicólogo ou outro profissional de saúde mental também pode ajudar.

A terapia comportamental cognitiva, atenção plena ou terapia de aceitação e compromisso, demonstraram ser bastante eficientes em ajudar pacientes com vitiligo a aumentar sua auto-confiança e auto-estima.

 

Cuidar da pele

Além dos medicamentos e outros tratamentos prescritos pela equipe médica para gerenciar e interromper a disseminação dos sintomas físicos do vitiligo, também é importante saber que certos hábitos de vida podem ajudar a torná-lo menos perceptível, como:

Usar filtro solar, pois a luz ultravioleta (UV) pode desencadear uma reação de vitiligo. O paciente deve procurar por aqueles com amplo espectro de Proteção (FPS), igual ou maior que 30.

Aplicando uma loção auto-bronzeadora para a pele, que pode adicionar cor da pele com segurança. A Academia Americana de Dermatologia sugere a escolha de uma composição com di-hidroxiacetona.

Evitar tatuagens. As tatuagens às vezes podem desencadear outro surto de vitiligo dentro de algumas semanas.

Evitar se expor a composições químicas extremas

As tinturas par cabelo e alvejantes contêm produtos químicos chamados fenóis, que podem desencadear o vitiligo.

É importante que o paciente converse com seu médico, mantendo-o informado sobre novas alterações, sintomas, sentimentos de ansiedade ou depressão. Dessa forma, o profissional pode ajudar a diagnosticar novos problemas ou complicações.